The Tragedy of the Commons: Breves comentários

HARDIN, Garret. The Tragedy of the Commons. American for the Advancement of Science, Estados Unidos, v.62, p. 1243-1248, 1968.

O ensaio sobre a tragédia dos comuns de Garret Hardin professor emérito de ecologia humana do departamento de ciências biológicas da universidade da Califórnia é um clássico literário que gerou muitas discussões sobre o uso extensivo dos bens considerados comuns à todos. O artigo aborda problemas que não possuem uma solução técnica encontrada nas ciências. Um desses problemas é a questão da superpopulação mundial em um espaço onde os recursos são finitos, o que nos leva ao eixo principal do artigo: o tamanho ideal da população mundial e o reconhecimento da liberdade limitada em contrapartida a exploração da terra pela população.

É perceptível a presença de concepções da teoria clássica na formulação do artigo quando Hardin compartilha da visão catastrófica disseminada por Malthus sobre a incompatibilidade entre o alto crescimento populacional e o uso dos limitados recursos ambientais da terra o que leva, segundo o autor, à necessidade de reavaliar a liberdade individual indiscriminada. Esse questionamento surge da concepção de que a instituição da propriedade pública é compreendida como livre e desenfreada exploração do espaço e consequentemente dos recursos naturais pondo em cheque a perpetuação da espécie humana e manutenção da vida.

Existe uma preocupação do autor em se perguntar de que forma seria possível conscientizar a população acerca dos malefícios em agir deliberadamente, sugerindo como resposta a aplicação do princípio de coerção mútua diante da inexistência de uma técnica produtiva que consiga produzir bens em consonância com o ritmo acelerado de exploração da terra. Ou seja, a coerção mútua atuaria como mecanismo de conscientização acerca da necessidade de alocação eficiente dos fatores produtivos de forma a evitar uma tragédia dos comuns, e junto a isso um controle do crescimento populacional pois a exponencialidade desse crescimento é intolerável a longo prazo devido às práticas de exploração indiscriminadas.

Em seu artigo Garret Hardin atenta também sobre como inserir o sentimento de culpa para que se tenha êxito em coagir mutuamente a população a fim de condicionar as pessoas a usarem da liberdade reconhecendo as necessidades, que nesse caso em específico seria as limitações do espaço, ressaltando que o double bind (refere-se a relacionamentos contraditórios onde são expressados comportamentos de afeto e agressão simultaneamente) é uma ferramenta que ajudará nesse processo.

O problema das tragédias dos comuns revela-se como multidisciplinar visto que é um conflito que envolve toda a estrutura social, política e econômica não podendo ser restringido às ciências biológicas.

Conflitos alocativos e de equilíbrio produtivo são comuns à ciência econômica que tem como objeto de estudo a alocação eficiente de recursos escassos. O modo de produção capitalista não atenta apenas ao fornecimento e produção de bens, observando também o consumo desigual e desequilibrado visto que não há como todo mercado produzir tudo com máxima qualidade e para todos. Desse raciocínio decorre a necessidade de intervenção do Estado como regulador ciente de que alternativas tecnológicas são insuficientes para solucionar o problema de esgotamento dos recursos naturais.

(acesso ao texto em pdf)

Tuany Mendonça e João Vitor Gonçalves
Graduandos em Economia na UEFS. 
Pesquisadores do RHIOS.
2017/08

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